Fragmentos de um Diamante.

Fragmentos de um Diamante
Fragmentos de um Diamante

Fragmentos de um Diamante ela Elane sempre acreditou que o amor era algo eterno. Um laço silencioso e inquebrável, como o diamante que reluzia no anel que Damião.

Fragmentos de um Diamante que colocou em seu dedo numa tarde dourada de verão.

Aquele dia parecia ter sido abençoado pelos deuses — o céu pintado com toneladas quentes, a brisa leve perfumada de flores, e os olhos dele refletindo a promessa de para sempre.

Eles se conheceram em uma livraria pequena, daquelas que cheiram a páginas antigas e poeira de sonhos. Damião folheou um exemplar de Neruda quando ela deixou escapar um comentário sobre versos e corações partidos.

Ele riu. Ela corou. Um café virou um jantar. Um jantar virou uma vida. Durante anos, foram inseparáveis. Viviam em um pequeno apartamento no centro, onde as janelas rangiam, mas o riso ecoava forte.

Nos primeiros anos, tudo parecia girar em torno de amor: bilhetes colados na geladeira, músicas compartilhadas em noites chuvosas, discussão bobas seguidas de beijos longos. Elane olhou para Damião como quem contempla o céu noturno — crente de que todas as estrelas estavam ali apenas para ela.

Mas diamantes, por mais preciosos, não resistem à força de um golpe certeiro.

O tempo, sutil e cruel, começou a desgastar os contornos do que um dia foi nítido. Damião passou a chegar mais tarde. Primeiro, alegava reuniões, depois, simplesmente não explicava.

Os olhos que antes buscavam os dela, agora evitavam. Os toques rareavam, e a cama compartilhada tornara-se palco de silêncios.

Elane percebeu, mas recusou-se a acreditar. “Talvez seja o trabalho”, pensou. “Ou uma fase”. Em seu coração, ainda pulsava o brilho do diamante.

Até aquela noite.

Era uma sexta-feira. Chovia. Ela preparou o jantar preferido dele — nhoque ao molho de gorgonzola. Acendeu velas. Vestiu o vestido vermelho que ele sempre elogiava. Esperou. e esperou.

Quando Damião chegou, quase à meia-noite, tinha o perfume de outro no colarinho e o olhar de quem não podia mais esconder.

Ela não precisa perguntar. Ele não tentou negar.

— Há quanto tempo? — Disse ela, a voz baixa, quase um sussurro.

— Seis meses — respondeu ele, como quem tirou um curativo de um ferimento já supurado.

Ela não chorou. Apenas caminhou até a janela e olhou para a cidade úmida. Em seu peito, ouviu o som seco de algo se partindo. O amor, outrora um diamante brilhante, se tornou uma pedra quebrada. Cada lasca que cortava sua alma era um lembrete da traição. Cada reflexo nos cacos espalhados no chão era um vislumbre da dor que hle feriu.

Damião se foi na mesma noite, levando apenas uma mala e um pedido fraco de desculpas. Elane ficou em silêncio. E com os fragmentos.


As semanas seguintes foram feitas de ausência. Do perfume dele ainda impregnado no travesseiro. Das fotos que ela escondeu nas gavetas. Dos planos agora desfeitos, dos nomes de filhos nunca tidos, das viagens canceladas. Chorou. Muito. Depois parou de chorar. Depois chorou de novo.

Ela tentou colar os pedaços. Passou a revisitar os momentos bons, como se pudesse extrair deles algum consolo. Mas logo veja: alguns cacos, quando colados, cortam mais fundo.

Começou a andar pela cidade sem rumo. Visitava livrarias, mas não lia. Entrava em cafés, mas não sentia gosto. Em uma tarde nublada, encontrou um velho alfarrabista que lhe disse:

— Os diamantes são valiosos, menina, mas a pedra mais forte é aquela que passou pelo fogo e contínua inteira.

Essas palavras ficaram com ela. E naquela noite, pela primeira vez, dormiu sem sonhar com ele.


Meses se passaram. Elane pintou o apartamento.

Tirou as fotos. Jogou fora os bilhetes. Mudou os móveis de lugar. Cortou o cabelo. Começou a escrever — contos, cartas que nunca enviaria, fragmentos de lembranças. Cada palavra era um sopro de cura.

Um dia, reencontrou o anel. Não estava no fundo de uma caixa, envolto num lenço. Ela o olhou por um longo tempo. A pedra ainda brilhava, mas algo nela parecia opaco. Elane o levou até um joalheiro e pediu que transformasse o anel em outra coisa — um pingente, talvez. Algo novo.

Porque Elane compreendeu: o diamante não era o amor. Era só um símbolo. Os símbolos podem mudar de forma.

Ela não esqueceu Damião. Certas feridas algumas; apenas param de sangrar.

Mas aprendeu a andar sem se cortar nos estiletes. E um dia, enquanto caminhava por uma praça em flor, ela brilhou para um estranho que lia Neruda num banco. Ele enviou de volta. Era só um sorriso, mas Elane sabia: havia algo de inteiro naquele gesto.

Fragmentos de um Diamante, não era um novo diamante. Mas era seu próprio reflexo, agora lapidado.

A Poesia como Expressão da Paixão Eterna

A Poesia como Expressão da Paixão Eterna: Desvendando a Arte de Amar em Versos

A arte de amar em versos transcende o tempo e as barreiras da simples comunicação, elevando os sentimentos mais profundos da alma a uma forma de expressão sublime e duradoura.

Foi uma força estranha que moveu minha vida, me conduzindo a fazer loucuras, que me envolveu em aventuras e foi capaz de me tirar a razão.

Uma força estranha que me fez tanto mal, me envolvendo em conflitos, me fez, aos gritos, líder de rebeliões. 

Força estranha.
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